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Posicionamentos dos alunos sobre o convívio com as diferenças na universidade

por Vanessa Cristina OliveiraÚltima modificação 02/05/2008 16:17

Janaina Speglich de Amorim Carrico, agosto de 2006.

Ao longo do período de Calourada 2006 (recepção de alunos ingressantes), realizamos, no site Trotum, um fórum de discussão sobre o tema 'convívio com as diferenças na universidade'. Alguns alunos ingressantes da Unicamp participaram, bem como outros estudantes que desejaram refletir sobre a temática. Eles encontraram, ao acessar o site, três questões para debate:

  1. Diferença, o que esta palavra significa para você?
  2. Que desafios você já enfrentou ao topar com uma diferença de alguém ou ao sentir-se diferente em alguma situação?
  3. Você percebe que as diferenças têm sido motivos de mudanças nos espaços físicos e no atendimento às pessoas? Que sugestões você tem para melhorar o que já existe?

Cada participante que interagiu no site pôde ler o que outros estudantes escreveram e acrescentar a própria opinião. Os alunos expressaram, em suas mensagens, conteúdos e posicionamentos distintos sobre o convívio com as diferenças. Tivemos 53 mensagens, nas quais os participantes abordaram a temática 'convívio com as diferenças'.

Vejamos, então, os argumentos dos alunos, que não foram transcritos, mas agrupados a partir do conceito ao qual se referiam, e alguns questionamentos que nós acrescentamos, a fim de problematizarmos e de aprofundarmos a compreensão da temática:

  1. Segundo alguns alunos, a diferença é uma particularidade que inferioriza o sujeito. Desta forma, é algo que deve ser minimizado em nome da igualdade.
    • Para garantirmos a igualdade temos que negar ou minimizar as nossas diferenças?
    • Qual é o ponto de partida? A diferença ou a igualdade? (Questão de Bel Dias)
    • Em que situações a diferença inferioriza e por quê isso acontece? Questão de Amanda M. Melo
    • A frase final "em nome da igualdade" considera portanto a igualdade como objetivo. Qual tipo de igualdade? Igualdade de condiçoes físicas, igualdade de oportunidades? Igualdade perante a lei? (Questão de Sofia Pérez Ferrés)
  2. Para um estudante, as diferenças, apesar de relacionadas aos aspectos negativos da pessoa, não devem ser impeditivas. Portanto, não devemos deixar que as diferenças nos desanimem.
    • A diferença é sempre o que nos inferioriza?
    • E a igualdade, ao contrário da diferença, é sempre positiva? (Questão de Amanda M. Melo)
    • O desânimo em questão é por ser diferente ou por ser tratado como diferente? (Questão de Sofia Pérez Ferrés)
  3. Alguns universitários afirmaram que a diferença representa aquilo que pode nos excluir. Assim, sentir-se diferente está associado a sentir-se excluído.
    • É a diferença que nos exclui?
    • Em que situações a diferença é um fator de exclusão e por quê isso acontece? (Questão de Amanda M. Melo)
    • O ponto de partida é o sentimento de ser diferente ou a exclusão da sociedade? (Questão de Sofia Pérez Ferrés)
  4. Diferença é o que nos torna autênticos e nos caracteriza, segundo vários participantes do fórum.
    • A diferença é uma marca que confere autenticidade? Que tipo de marca?
    • Há diferenças mais válidas que outras? Há diferenças positivas? Há diferenças negativas? O que define esta separação/classificação? (Questão de Bel Dias)
    • Quais valores são usados para classificar autenticidade positiva e negativa na sociedade? (Questão de Sofia Pérez Ferrés)
  5. Para um estudante, a diferença é o que caracteriza uma minoria e, por isso, não é levada em conta por muitas pessoas.
    • Quando fazemos parte de um grupo minoritário ou em desvantagem social somos diferentes? Em relação a que?
    • Qual é o ponto de partida? A diferença ou a igualdade?
    • O fato de uma pessoa pertencer a um grupo minoritário a torna menos detentora de direitos? (Questão de Amanda M. Melo)
  6. Os alunos apontaram que, ao enfrentarmos situações nas quais nos sentimos diferentes, sentimo-nos humilhados diante do medo ou da repulsa do outro. As pessoas não estão acostumadas com as diferenças, por isso há o estranhamento.
    • O estranhamento diante da diferença é gerado em função do desconhecimento? Como podemos reagir nestas situações?
    • As pessoas precisam se “acostumar” às diferenças para não reagir negativamente a ela? (Questão de Amanda M. Melo)
    • A diferença é medida pelo grau de repulsa do outro? (Questão de Sofia Pérez Ferrés)
  7. Muitos alunos acreditam que a diferença nos dá a oportunidade de ampliarmos nossos relacionamentos. Há o enriquecimento pessoal no convívio com as diferenças, pois nossas interações tornam-se interessantes.
    • Que tipo de convívio entre as diferenças é mais enriquecedor?
    • O que podemos aprender no convívio com as diferenças? (Questão de Amanda M. Melo)
  8. O argumento de um aluno é: diferença é o que foge do padrão socialmente estabelecido.
    • Existe de fato um padrão previamente estabelecido?
    • Quem define este padrão? O que define este padrão? (Questão de Bel Dias)
    • Uma sociedade com um padrão definido não seria aquela que nega a tolerância com as diferenças? (Questão de Sofia Pérez Ferrés)
  9. Em seu posicionamento, um estudante alerta que expor as diferenças é uma forma de favorecer o preconceito.
    • Por que a exposição das diferenças seria uma forma de preconceito? Em quais circunstâncias isso poderia acontecer?
    • Deixar de expor a diferença é o mesmo que desconsiderar a sua existência?
    • Não existiriam situações em que expor as diferenças possa contribuir no combate ao preconceito? (Questão de Amanda M. Melo)
    • Os que os olhos não vêem o coração não sente? (Questão de Sofia Pérez Ferrés)
  10. É necessário tolerarmos as diferenças tendo em vista a paz, segundo um participante da discussão.
    • Ao almejarmos a paz, devemos evitar os embates e confrontos entre as diferenças?
    • Tolerância é uma forma de respeito, ou dominação velada? (Questão de Bel Dias)
    • O que vem a ser tolerância à diferença, afinal? (Questão de Amanda M. Melo)
    • Tolerância como pauta comportamental guiada pela lei ou tolerância ligada à um modelo de compaixão cristã? (Questão de Sofia Pérez Ferrés)
  11. Vários alunos preocupados com a questão econômica e com o acesso ao ensino superior apontaram que as diferenças são produzidas nas relações econômicas e de classe social. Sente-se diferente quem presta o vestibular sabendo que não teve as mesmas condições de estudo dos demais, devido às desigualdades econômicas e de acesso a uma escolarização básica de qualidade.
    No acesso ao ensino superior, a igualdade que não considera as diferenças de condições de estudo contribui com a elitização da universidade pública.
    • O vestibular está voltado à seleção de pessoas tendo em vista o mérito de cada uma. Como fica a questão do mérito se considerarmos que as diferenças de condições de estudo devem ser levadas em conta no processo de seleção?
    • Como forma de promover a igualdade de condições no acesso ao ensino superior, deve-se oferecer acesso diferenciado ou promover a igualdade de direitos no acesso, permanência e prosseguimento no ensino fundamental e médio? Como lidar com a complexidade desta questão? (Questão de Amanda M. Melo)
    • Considerar as diferenças no acesso à universidade não seria resolver a conseqüência de um problema e não a causa? (Questão de Sofia Pérez Ferrés)
  12. Alunos atentos às discussões sobre ações afirmativas para ingresso na universidade ressaltam que a discussão sobre as diferenças está relacionada com as cotas. As cotas impõem uma diferença entre as pessoas.
    A maior parte das pessoas desconhece o significado das cotas.
    • As cotas impõem ou a diferença existe de fato?
    • Qual é, afinal, o significado das cotas? O que determinaria o fim da necessidade de cotas? (Questão de Amanda M. Melo)
  13. A discussão sobre as diferenças deve ser realizada apenas entre os grupos de interesses específicos, é o que aponta um aluno.
    • Estas discussões não devem ser uma preocupação de todos?
    • Por quê restringir as discussões sobre as diferenças a grupos de interesse específicos? (Questão de Amanda M. Melo)
  14. Preocupado com a eficiência das leis, um aluno afirma que as leis deveriam ser mais 'atuantes' para melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência e para a eliminação do racismo e do preconceito.
    • As leis não atuam, elas existem! Quem deve atuar, então?
    • A quem cabe eliminar o preconceito e o racismo?
    • O que é necessário fazer para garantir a efetividade das leis? (Questão de Amanda M. Melo)
  15. Educação é um caminho para abordarmos as diferenças, propõe um aluno.
    • Como deve ser a abordagem das diferenças na educação?
    • Em que situações educacionais as diferenças poderiam ser trabalhadas? (Questão de Amanda M. Melo)
    • Conviver na sociedade já não seria um caminho para abordarmos as diferenças? (Questão de Sofia Pérez Ferrés)
  16. A forma como a inclusão está sendo planejada e colocada em prática deixa a desejar, questiona um estudante.
    • Como a inclusão está sendo planejada e colocada em prática?
    • O que precisa ser feito, afinal, para que as minorias tenham seus direitos respeitados na sociedade em que vivem? (Questão de Amanda M. Melo)
  17. Um participante demonstra suas perspectivas com relação à eliminação das formas de inferiorização de alguns grupos: preconceito está encravado e não pode ser evitado. Sempre existirão ações preconceituosas, por isso não resta outra saída que não seja 'levar na esportiva'.
    • Por que deveríamos aceitar os preconceitos como algo imutável?
    • Como levar uma ação preconceituosa na esportiva quando ela impede o exercício de um direito? (Questão de Amanda M. Melo)
  18. Alguns alunos ressaltam que não podemos nos acomodar, temos que ter força de vontade para mudar as situações de exclusão. É necessário dedicação e empenho para ultrapassarmos as barreiras.
    • O esforço pessoal é fundamental, mas é suficiente?
    • Além do esforço pessoal, que outras medidas são necessárias à quebra de barreiras? (Questão de Amanda M. Melo)

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