As gravações ouvidas nos serviços de atendimento ao cliente possuem uma complexidade de elaboração inimaginável para o leigo. O texto pronunciado precisa ser compreendido por aquele que liga, e a voz ouvida precisa ser a mais natural possível. Enganam-se aqueles que imaginam que a gravação é feita de forma contínua, como gravar mensagens na caixa postal de um celular. É necessário um sistema capaz de gerar voz através de texto.

O professor Fábio Violaro é quem explica todo esse processo, no qual palavras são retiradas de um texto e segmentadas foneticamente, gerando sinais que produzem ondas. Essas ondas são armazenadas para o uso posterior em síntese, na qual deve haver um compromisso entre as unidades mais longas e as menores, pois unidades mais longas preservam a naturalidade da voz emitida.

A aplicação desse sistema não se restringe ao “bankphone”. Outra ligação está relacionada ao auxílio a deficientes visuais na leitura e a pessoas com deficiência na produção da fala. Para a estudante de Florianópolis Anahi Guedes de Mello, que é deficiente auditiva, o sistema pode ser uma alternativa para ajudá-la a falar corretamente. Anahi fala com dificuldade e ouve o que as pessoas falam graças ao auxílio de um aparelho auditivo e leitura labial.

Um dado bastante interessante exposto pela estudante é que muitos deficientes visuais preferem reconhecer a fala do receptor por meio de leitura labial do que por sinais manuais (libras). Entretanto, o uso de um reconhecedor de fala que transcrevesse aquilo que é dito simultaneamente pelo emissor, seria essencial para a compreensão dos surdos.

Para facilitar ainda mais a integração social desses deficientes, Anahi busca um sistema que possa reconhecer sua fala e mostrar-lhe se a pronúncia de determinadas palavras está correta. O professor Violaro não a desanima, afirmando que as pesquisas e experimentos desses sistemas estão cada vez mais evoluídos. “Hoje é possível articular os lábios e colocar falas em animações com uma perfeição impressionante, o que já evidencia um grande avanço tecnológico”.

(Marcela Carlini)

Fonte:Unicamp Blog