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Acesso sem restrição

por Leonardo Lilla GomesÚltima modificação 25/09/2008 22:12

Correio Digital

Richard Pfister
DA AGÊNCIA ANHANGÜERA
richard.pfister@rac.com.br

Pessoas com deficiências contam co m o auxílio de softwares para poder acessar, sozinhas, a internet. São softwares que fazem a leitura da tela do computador para cegos, que traduzem textos para linguagem de sinais e que possibilitam a uma pessoa com problemas de mobilidade navegar pelo computador a partir de comandos de voz. Mas o trabalho pode ficar bastante difícil se tudo não estiver disposto de forma organizada e prática. Mesmo o internauta mais experiente pode ficar perdido ao navegar por um site confuso. Agora, imagine quem não enxerga, não escuta ou tem dificuldade para entender como o mundo digital funciona.

Como hoje é possível fazer quase tudo pela internet, desde tirar documentos até pagar contas, sites limpos e de fácil navegação não são mero capricho de designer. Podem ser a diferença para a inclusão digital e social de pessoas marginalizadas pela rápida evolução tecnológica. “Mesmo com 24% da população com algum tipo de deficiência, como visão reduzida ou problemas de mobilidade, o Brasil ainda está bastante atrasado na questão da acessibilidade na internet. As empresas desenvolvem seus produtos sem se preocupar com essa questão”, afirma o doutorando do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Leonelo Almeida, que trabalha com projetos de acessibilidade digital. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica 25 milhões de pessoas com alguma deficiência no Brasil.

Para Roberto Anadão, cego desde os 18 anos, a maior dificuldade para navegar pela internet é a grande quantidade de gráficos e imagens que não possuem descrição ao serem carregados na página. Quando isso acontece, o software de leitura da página não reconhece os objetos e o usuário fica sem saber do que se trata. Anadão conta com auxílio de um software chamado Virtual Vision, em que uma voz sintetizada, parecida com a do cientista britânico Stephen Hawking, faz a leitura dos textos nos sites visitados e reproduz as ações do usuário em áudio.

A voz diz qual foi o arquivo acessado ou a tecla digitada no navegador de internet. “Serve não só para a internet, mas para acessar o computador. Antigamente, precisava pedir para alguém me ajudar, hoje já posso navegar sozinho. As coisas melhoraram muito nos últimos cinco anos. Agora tenho maior autonomia” avalia Anadão, hoje com 57 anos. Ele cita sites de notícias como os mais acessíveis, que permitem que se navegue pelas fotos e textos a partir de atalhos comandados pelo teclado, como a tecla TAB.

Mas não são apenas recursos gráficos não descritos e legendados que dificultam a acessibilidade. Se os textos estiverem mal organizados, a tarefa do software de leitura também é dificultada e o deficiente visual não consegue navegar. Do mesmo modo, um programa que converte textos de internet em linguagem de sinais para surdos não oralizados (que se comunicam apenas em Libras) não funciona direito se a página for confusa. Textos que misturam idiomas não ajudam na hora de o software reconhecer e traduzir a palavra. E ainda não se pode esquecer de pessoas com problemas de mobilidade, que se beneficiam de sites bem montados, quando a utilização de recursos de navegação a partir de comandos de voz fica mais fácil.

Para que tudo fique bem acessível, Almeida explica que o uso de animações nas páginas de internet não pode ser aleatório. As imagens precisam ser descritas para que o software consiga fazer a leitura. Uma sugestão é que páginas sejam construídas pensando na navegação através de atalhos no teclado, mais fácil para quem não enxerga ou não tem mobilidade nas mãos. Muito texto não ajuda quando o público são usuários pouco alfabetizados. Almeida sugere o que ele chama de “redundância de informação”, o mesmo conteúdo do texto explicado com imagens ou vídeos.

Programas facilitam navegação para cego

Virtual Vision, Jaws e Sistema DosVox são alguns dos programas para acessibilidade de cegos. A tarefa principal é fazer a leitura da página navegada, tanto de textos como fotos com descrição escrita. A navegação é feita através do teclado e um sintetizador de voz faz a leitura. Já o Motrix, indicado para pessoas com deficiência física, permite o comando de voz sobre teclado, mouse ou para abrir arquivos no computador. Quando um comando é dado, o software escreve na tela qual foi a orientação e o usuário pode saber se o computador entendeu a ordem.

Existem ainda softwares que convertem partituras musicais para textos em braille e outros que traduzem textos escritos para linguagem dos sinais (Libras). (RP/AAN)

Saiba mais

A organização internacional W3C (World Wide Web Consortium), entre outras funções, estipula referências e certifica sites considerados acessíveis para pessoas com necessidades especiais. Abaixo, algumas dicas para tornar um site acessível:

  • Todas as imagens e gráficos devem ser legendados e descritos com textos, para que softwares de leitura possam identificar e traduzir a situação retratada.
  • Utilizar cores com a preocupação de não dificultar o acesso de pessoas com problemas para distingui-las.
  • Colocar etiquetas em todos os campos de formulários, identificando a sua funcionalidade. Legendar o elemento que executa o envio dos dados do formulário no caso dele ser uma imagem.
  • Possibilitar o acesso a elementos de um site através do teclado. Pessoas com destreza reduzida ou com incapacidade para ver o cursor têm dificuldade em usar um dispositivo apontador como o mouse. O teclado pode ser a única alternativa.
  • Durante a programação, usar o atributo lang para especificar o idioma da página e de trechos dos textos publicados para que leitores de telas e outros aplicativos os interpretem corretamente.

Laboratório orienta sobre as tecnologias disponíveis Na Unicamp, equipe de funcionários garante que alunos com dificuldades utilizem a web

Na Unicamp, equipe de funcionários garante que alunos com dificuldades utilizem a web

Roberto Anadão trabalha no Laboratório de Acessibilidade (LAB) da Unicamp, na Biblioteca Central Cesar Lattes. Ele e uma equipe de funcionários garantem o acesso à informação através de orientação no uso dos recursos tecnológicos disponíveis para pessoas com deficiências. Se um aluno cego precisa fazer uma consulta à determinada bibliografia, bolsistas da universidade que trabalham no laboratório escaneiam e digitalizam o acervo acadêmico. O aluno pode utilizar um computador com software de leitura instalado. Se precisar, pode imprimir textos em braile em uma impressora especial para a tarefa. “Trabalhamos sob demanda, digitalizamos o acervo conforme as pessoas com necessidades especiais vão chegando”, explica a bibliotecária Deise Tallarico Pupo. O LAB possui também diversos outros equipamentos e softwares para necessidades especiais. Mais informações sobre os projetos, acesse www.todosnos.unicamp.br/lab. (RP/AAN)

Fonte: Correio Popular


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