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Nied testa três modelos de laptop de baixo custo

por Vanessa Regina Margareth Lima MaikeÚltima modificação 03/07/2015 16:48

Nied testa três modelos de notebooks de baixo custo, conhecidos popularmente como 'Laptops de 100 dólares', que estão sendo avaliados pelo Comitê Assessor de Informática e Educação do Ministério da Educação (MEC) para adoção nas escolas da rede pública de ensino.

[9/3/2007]  O Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) da Unicamp apresentou sexta-feira (9) três modelos de notebooks de baixo custo, conhecidos popularmente como 'Laptops de 100 dólares', que estão sendo avaliados pelo Comitê Assessor de Informática e Educação do Ministério da Educação (MEC) para adoção nas escolas da rede pública de ensino. O professor José Armando Valente, pesquisador do Nied e membro do comitê, explicou que o MEC distribuiu as máquinas para que cada membro pudesse levar para seu grupo de pesquisa, objetivando uma avaliação profunda e, conseqüentemente, a geração de propostas tanto pedagógicas quanto de desenvolvimento de hardware e software. "As pessoas querem a nova tecnologia e acham que é importante. Se você quiser reunir uma sala de aula ao ar livre, será possível porque o equipamento será móvel. O projeto tem três concepções principais: mobilidade, conectividade e massificação", avaliou Valente.

Para ser um equipamento acessível do ponto de vista econômico, Valente esclarece que algumas alterações foram necessárias. "Eliminaram as partes móveis, começando com o hard disk. O armazenamento das informações é feito na memória. Uma nova engenharia tornou a tela visível mesmo sob a luz solar. O uso de energia também foi contemplado. Os equipamentos gastam pouca energia, permitindo uma facilidade para a mobilidade e para a conectividade", comentou o pesquisador do Nied.

Do ponto de vista social, Valente diz que para o governo brasileiro foi adicionado um componente no projeto que não está previsto nos outros países. Além de ser um projeto educacional, trata-se de um projeto de inclusão social. A pergunta que surge, de acordo com Valente, é de que maneira as pessoas farão uso desses equipamentos. "O governo precisa tomar a decisão de compra de 1 milhão de computadores até o final do ano e como se trata de uma coisa massiva, apavora os profissionais da educação. Professores terão que ser formados, ao mesmo tempo que as crianças estão usando a máquina. É um projeto de curto prazo, é uma revolução", ressaltou.

Já existem dois projetos em funcionamento com poucas máquinas, voltado para o teste de infra-estrutura. O primeiro, em uma escola municipal na cidade de São Paulo (SP) e o segundo, em uma escola estadual na cidade de Porto Alegre (RS). O objetivo é verificar o que acontece quando a máquina chega na escola. "É preciso observar problemas como a falta de rede elétrica para carregar a bateria dos computadores e a conectividade com um computador central para acesso à internet. Tem uma série de problemas de infra-estrutura que estão sendo testados com essas escolas", alertou.

Com a chegada de mais máquinas, começa um outro experimento na cidade de Piraí (RJ), numa escola pequena, com 350 alunos. Ela foi escolhida porque a prefeitura da cidade implantou um projeto denominado "cidade digital". Dessa maneira, elimina-se o problema da conectividade, pois a cidade conta com a tecnologia wireless (sem fio). "A cidade, de pequeno porte, é privilegiada do ponto de vista social, tem uma participação ativa da sociedade e um pequeno índice de violência. Foi escolhida pelo MEC e cada criança da escola levará o computador para casa", disse Valente.

O pesquisador acredita que não seja adotado um único modelo de máquina para compra. Ele espera que cada máquina seja entendida e estudada de acordo com as especificidades de cada grupo, seja ele de nível fundamental ou médio. Além disso, Valente crê que novas máquinas devam surgir no cenário, aumentando a concorrência.

Interdisciplinaridade

Para o coordenador da Coordenadoria de Centros e Núcleos (Cocen) da Unicamp, Jorge Ruben Biton Tapia, esse é um grande passo. "Acho importante a inserção do Nied na discussão da difusão dos equipamentos. Essa é uma experiência irreversível. É importante que novamente a Unicamp esteja envolvida em um processo inovador de âmbito nacional sob uma questão chave que é a interface informática-educação", observou.

Para Tapia, aprendendo com a experiência histórica, essa atuação do Nied deve ser ampliada para a universidade porque a difusão dos micros nas escolas públicas exige um programa de avaliação e monitoramento das condições de recepção desses equipamentos. De um certo ponto de vista é preciso equipar as escolas, treinar as pessoas e criar uma nova cultura. "Só faz sentido o computador na escola, por um lado, dentro de uma proposta pedagógica, e de outro lado, dentro de uma proposta que irá transformar a própria escola. A Unicamp, a partir do Nied, deverá fazer um projeto interdisciplinar que ofereça para a sociedade brasileira e para o governo, em particular, uma proposta para tratar de várias questões que estão envolvidas aqui. Como a escola vai se organizar para receber os equipamentos, como que culturalmente o computador será absorvido nas atividades pedagógicas e como a questão da segurança será tratada. Acho que esse é um elemento que poderá aglutinar outros projetos. A experiência mostra que é preciso acompanhar a implantação desse projeto", finalizou Tapia.

 

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